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domingo, 18 de janeiro de 2015

Suicídio

Havia em mim uma vintena de gerações,
Assim pelo menos,
E nessa manhã, vá-se lá saber porquê,
Uma janela deixada aberta talvez,
Alguém se atirou para o vazio.

Então subitamente todos eles

Se puseram a saltar
Uns atrás dos outros,
À bicha, como que fazendo a chamada
Sobre um trampolim,
Segundo o princípio da desintegração dos carneiros.

Em menos de uma hora e meia

Encontrei-me totalmente despido, sem nada,
E de vergonha atirei-me para o vazio também eu,
Devo ter morrido à altura do quarto andar,
Ao décimo, em todo o caso,
A coisa estava consumada.

Tudo isto,

É um mero passante,
Quem vo-lo conta,
Um de entre nós,
Melhor dizendo,
Que terá talvez caído menos mal.

Marin Sorescu





Jenny Yu

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Instante

     
Deixai-me limpo
O ar dos quartos
E liso
O branco das paredes
Deixai-me com as coisas
Fundadas no silêncio


Sophia de Mello Breyner Andresen

 
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